segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A exposição dos bancos norte-americanos aos PIIGS

Segundo o "The New York Times", os cinco maiores bancos
norte-americanos - Citigroup, Bank of America, JPMorgan Chase, Goldman
Sachs e Morgan Stanley - têm uma exposição superior a 80 mil milhões
de dólares (60,5 mil milhões de euros) em dívida de Portugal, Itália,
Espanha, Irlanda e Grécia – "dinheiro esse que podem perder se estes
países entrarem em incumprimento devido à crise financeira europeia".

"Felizmente, compraram CDS, o que lhes permite compensarem as suas
perdas potenciais em 30 mil milhões de dólares (22,7 mil milhões de
euros)", sublinha o jornal norte-americano. Segundo o "NYT", o
Citigroup tem 47% da sua exposição potencialmente protegida, sendo
esta a maior percentagem de CDS sobre dívida europeia por parte dos
bancos norte-americanos.
O Bank of America, por exemplo, só tem 12% da sua dívida garantida por
estes seguros. De qualquer das formas, um porta-voz deste banco,
Jerome F. Dubrowski, sublinhou que o risco está a ser cuidadosamente
gerido, "ao mesmo tempo que continuamos a apoiar os nossos clientes na
Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha", refere a mesma fonte. De
qualquer das formas, a exposição do banco à dívida pública destes
cinco países diminuiu em 44% desde 2009, comentou Drubowski.
O JPMorgan Chase, por seu lado, conta com uma exposição de 15 mil
milhões de dólares a estes cinco países periféricos mais afectados
pela crise da dívida – os chamados PIIGS.

Portugueses entregaram 19 casas por dia aos bancos no último ano

As dificuldades económicas estão a levar muitas famílias a deixarem de
conseguir pagar os créditos da casa. Dados revelam um aumento de 18%
das casas entregues pelas famílias e imobiliárias em 2011.

Os bancos penhoraram 19 casas por dia no ano passado por falta de
pagamento das famílias e promotoras imobiliárias. Os dados são da
Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária
(APEMIP) e indicam que, em 2011, foram entregues 6.900 imóveis em
dação em pagamento, o que representa um aumento de quase 18% face aos
5.900 entregues em 2010.

Os dados referem-se a casas e terrenos entregues por famílias e
promotoras imobiliárias que deixaram de cumprir as suas obrigações com
a banca e são a concretização do aumento do nível de incumprimento. De
acordo com os valores do Banco de Portugal até Novembro de 2011, o
incumprimento das famílias situava-se em 1,89%, um máximo histórico,
com o crédito malparado a atingir 2,15 mil milhões de euros.

A penhora de casas atingiu sobretudo o Porto, Lisboa e Setúbal - já a
região da Guarda foi a menos afectada. Em Dezembro atingiu-se um pico
histórico, sendo o pior mês dos últimos dois anos, com 1.155 casas
entregues, contra 606 em Novembro.

Segundo o gabinete de estudos da APEMIP isto deve-se a vários
factores. A deterioração do cenário macroeconómico de crise é o factor
mais óbvio. Mas há outros, como as dinâmicas dos bancos, a rapidez com
que fazem as cobranças e as penhoras no final do ano e ainda o facto
de "muitas famílias entregarem as suas casas no último mês para não
terem de pagar o Imposto Municipal sobre Imóveis [IMI] relativo ao ano
seguinte, sobre um bem que já não possuem", explica Luís Lima,
presidente da associação.

As entregas feitas pelos promotores imobiliários têm também um peso
importante no total de penhoras feitas pelos credores, "reflexo do
arrefecimento do mercado imobiliário". No ano passado atingiu 29,9% no
total das penhoras feitas. Os municípios de Alcochete, Loulé, Ponta
Delgada e Vila do Conde foram os mais atingidos, onde esta realidade
representou mais de metade dos imóveis entregues em dação em
pagamento. Neste caso, o incumprimento tem também atingido níveis
históricos, chegando já a 11,7%, de acordo com dados do Banco de
Portugal.

Dezembro foi o melhor mês de venda de casas em 2011

A venda de casas desceu 7,2% no ano passado, com 194 mil casas
transaccionadas, mas o ano acabou por não ser tão negro como
inicialmente previsto. Isto porque o mês de Dezembro foi muito
positivo, com 19 mil imóveis vendidos.

Para o presidente da APEMIP, Luís Lima, esta tendência "foi uma
surpresa", apesar de o último mês do ano ser normalmente mais forte. O
responsável explica que "as famílias tentaram antecipar as mudanças no
IMI e nas deduções das despesas com a casa em sede de IRS". A isenção
de IMI, por exemplo, foi muito limitada neste Orçamento do Estado,
reduzindo-se para três anos.

O gabinete de estudos da associação explicou ainda, em esclarecimento
adicionais, que Dezembro é um mês de expansão no crédito concedido, já
que "as imobiliárias reforçam as vendas para não pagarem IMI do ano
seguinte" , havendo um aumento das vendas. Além disso, "houve muitos
pequenos investidores que viram na nova lei do arrendamento - que
facilita os despejos em caso de incumprimento por parte dos inquilinos
- uma segurança e que decidiram investir ainda em 2011".

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os segredos do arrendamento holandês

In DE:

Arnoud Vlak, especialista em investimento imobiliário, explica ao
Económico o sucesso do mercado de arrendamento holandês.

Arnoud Vlak considera que o êxito do mercado de arrendamento holandês,
um dos mais evoluídos do mundo, representando 45% do parque
habitacional, está assente em vários pilares. O primeiro deve-se ao
facto de na Holanda existir um alto nível de segurança para os
senhorios, que dispõem de uma protecção muito grande na lei.

"A lei holandesa proporciona um alto nível de segurança para os
senhorios. Se o inquilino deixar de pagar a renda, o senhorio pode ir
a tribunal pedir uma ordem de despejo e irá obtê-la muito rapidamente,
entre seis a oito semanas. Independentemente de qualquer
condicionalismo social, os tribunais dão sempre razão aos
proprietários", explicou Arnoud Vlak ao Económico, à margem de um
almoço conferência organizado pelo grupo Vida Imobiliária.

Além disso, se o inquilino for a tribunal para culpabilizar o senhorio
de qualquer situação, o juiz irá dizer "não há razão nenhuma para o
senhor não pagar a renda e vou ordenar que saia."

Na Holanda, o contrato entre inquilino e senhorio é feito por um
determinado prazo, mas se o inquilino quiser renovar, o senhorio não
se pode opor, embora possa renegociar a renda. "É sempre actualizada
de acordo com a inflação", explicou Arnoud Vlak.

Sobre as pré-condições para se investir no mercado residencial, o
especialista salienta mais uma vez o mercado holandês e considera que
os mercados não devem ser excessivamente protectores e que os
senhorios estão à procura de um "sistema judicial eficiente" e que em
poucas semanas "fiquem resolvidos todos os problemas com os
inquilinos".

Arnoud Vlak sugeriu também uma mudança no sistema fiscal: "Os lucros
do investimento imobiliário são mais baixos do que os dos mercados
financeiros e se ainda são rendimentos taxados os investidores não vão
apostar tanto no mercado residencial".

O mercado de arrendamento representa 45% do parque habitacional
holandês. Há mais de duas décadas, a percentagem de casas arrendadas
era maior. "A mudança para um mercado de ocupação própria aconteceu
nos últimos 15 anos", explicou Vlak.

Segundo o perito, os bancos holandeses alavancaram o montante de
empréstimos aos clientes, emprestando mais de 100% do valor das casas.
"Temos um alto nível de hipotecas no mercado habitacional. Somos os
campeões do mundo de hipotecas em percentagem do PIB", revela o
especialista holandês.

As 5 principais razões para investir no mercado de arrendamento holandês

Os senhorios dispõem de uma protecção muito grande da lei
Se o inquilino deixar de pagar a renda, o senhorio pode ir a tribunal
pedir uma ordem de despejo e irá obtê-la muito rapidamente
Independentemente de qualquer condicionalismo social, os tribunais dão
quase sempre razão aos proprietários
O valor da renda é sempre actualizado de acordo com a inflação
O contrato entre inquilino e senhorio é feito por um determinado
prazo, mas se o inquilino quiser renovar, o senhorio não se pode opor.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Privados querem que BCE participe no perdão da dívida grega

Charles Dallara, presidente do IFI, pede a participação dos bancos
centrais e outros institutos públicos no perdão à dívida grega, numa
altura em que os responsáveis políticos europeus pedem maiores
concessões aos credores privados.
Charles Dallara, presidente do Instituto Financeiro Internacional
(IFI), pede a participação dos bancos centrais e outros institutos
públicos no perdão à dívida grega, numa altura em que os responsáveis
políticos europeus pedem maiores concessões aos credores privados.

O representante de 450 dos bancos e outras entidades privadas que
detêm a dívida da Grécia relembra, a este propósito, o acordo da
cimeira europeia que teve lugar a 26 de Outubro, explica o "Financial
Times". Uma solução em que instituições como o Banco Central Europeu
(BCE) tenham condições diferentes dos bancos privados é uma traição
dos princípios desse acordo, disse.

Os bancos comerciais e outros entes privados detêm 200 mil milhões de
euros, o equivalente a 60% da dívida grega, enquanto os bancos
centrais e outras instituições públicas são credores dos restantes
40%, ou 133 mil milhões de euros, segundo a publicação britânica.

Ainda assim, Charles Dallara disse ter esperança de que as partes
envolvidas nas negociações para a redução da dívida da Grécia
encontrem "terreno comum", refere a agência noticiosa norte-americana
Bloomberg.

O IFI entregou uma proposta "máxima" de um perdão de 68% ao valor da
dívida da Grécia, através da troca da dívida pública do país por
obrigações com maturidade de 30 anos e um cupão de 4,25%, divulgou a
Bloomberg com base em duas fontes próximas das negociações.

Uma proposta a que os responsáveis europeus responderam sinalizando
que iriam pedir aos privados um sacrifício maior no acordo com vista a
tornar a dívida do país sustentável. Os responsáveis europeus querem
que os bancos privados aceitem uma troca de dívida por obrigações com
um cupão de 3,5% em dívida com maturidade em 2020 e de 4,15% na
emissão com prazo de 30 anos.

Carsten Brzeski, economista do ING Group, calculou o valor da proposta
dos privados e a dos responsáveis europeus e concluiu que a diferença
entre as duas "se reduz a 10 a 20 mil milhões de euros", ao longo da
vida toda das obrigações.

"Isto não é nada comparado com o impacto psicológico nas taxas
implícitas nas obrigações de Espanha e de Itália se a Grécia ficar
insolvente", disse o economista do ING. "Eles vão chegar a um acordo",
concluiu.

Charles Dallara também acredita que as negociações chegarão a bom
porto. "Nós pusemos uma oferta na mesa e ela continua na mesa", disse
o representante dos privados, referindo-se a uma proposta que definiu
como a sua oferta "máxima".

"Todas as partes têm de contribuir para a solução. Estamos a apagar da
face da Terra 100 mil milhões de euros de empréstimos à Grécia",
acrescentou o responsável que vai estar, amanhã, numa reunião com os
privados em Paris para "ver qual é a sua perspectiva" sobre o impasse
nas negociações.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

CMVM aperta regras de comercialização de produtos financeiros complexos

Passa a ser obrigatório incluir uma série de advertências sobre os
riscos do produto. É ainda exigida formação a quem o comercializa.
O regulador do mercado de capitais apresentou hoje um novo regulamento
com novas regras para a comercialização de Produtos Financeiros
Complexos. Passa a ser obrigatório incluir uma série de advertências
sobre os riscos do produto. É ainda exigida formação a quem o
comercializa. Para evitar conflitos de interesse, quem está ao balcão
não pode receber prémios pela sua venda.

As novas regras vêm mexer na informação contractual a dar aos
investidores. Os produtos passam a ter de incluir a "Informação
Fundamental ao Investidor" (IFI), cujo conteúdo é regulamentado. Esta
tem de ser sucinta: o documento não pode exceder seis páginas A4, de
forma a não desencorajar a leitura. Carlos Tavares salientou que estas
exigências vão além do prospecto do produto, que é o exigido na União
Europeia.

Neste âmbito é também alargada a tipificação das advertências aos
investidores, como o risco de perda de capital. É feita a distinção
entre perda de parte capital, perda da totalidade do capital e perda
de um montante superior ao capital investido. É também incluído um
alerta sobre a rentabilidade, nomeadamente a possibilidade de a
remuneração ser nula ou mesmo negativa.

A lista de advertências é longa: risco de crédito do emitente do
produto; sobre o preço do produto e se ele seria aceite por
investidores institucionais; de que o retorno pode não ser igual ao do
activo subjacente; de que os custos suportados pelo emitente na
protecção de risco podem ser imputados ao cliente; sobre todos os
encargos e comissões suportados pelos clientes, entre outras.

Para comunicar de forma mais imediata estas advertências a CMVM criou
um conjunto de símbolos, de várias cores e numerados, que vão do verde
(rendimento garantido a todo o tempo ou na maturidade desde que
inferior a cinco anos) a preto (possibilidade de perda de mais de 100%
do capital investido). A imagem, que é dominada por uma palma da mão
aberta, é obrigatória no documento informativo e na publicidade. Este
tipo de solução foi já adoptada na Holanda e Dinamarca.

Da informação pré-contractual passa também a fazer parte uma simulação
do rendimento e maturidade, quando estes sejam condicionados a um
evento. Quando a diferença entre a taxa interna de retorno seja
superior a 5 pontos percentuais são ainda apresentados três cenários
para o resultado da aplicação: optimista, mais provável e pessimista.

Após a subscrição, o cliente passa a receber informação contínua sobre
o preço do mercado do produto e os seus fluxos financeiros (por
exemplo, pagamento de juros). Fica prevista a possibilidade de
consulta do preço pelo cliente no "site" do Intermediário Financeiro a
todo o momento.

O regulamento nº1/2012 traz também novas regras para a publicidade dos
produtos estruturados. Esta passa a ser válida por um máximo de três
meses e tem de incluir, além do alerta gráfico, a menção às
advertências.

Passa também a ser exigida formação a quem comercializa PFC ao balcão
dos bancos. "Vendedores não têm domínio completo, para ser brando, dos
produtos que oferecem ao cliente", afirmou Carlos Tavares.

De forma a dirimir conflitos de interesse, a comercialização dos PFC
deixa de poder depender de objectivos e dar lugar a prémios. "Pode
haver um conflito de interesses entre o interesse do cliente e
contribuir para a sua própria remuneração com a venda de produtos",
assinalou o presidente da CMVM.

Carlos Tavares justifica o novo regulamento como facto de estes
produtos serem de difícil compreensão pelos clientes menos
sofisticados. O contexto actual facilita o aparecimento destes
produtos "As baixas taxas de juro na Europa propiciam que clientes
sejam atraídos por produtos que possibilitam rendibilidades acima dos
produtos tradicionais" afirma o presidente do regulador. Outro motivo
é o facto de neste momento os bancos estarem a apostar em aplicações
de balanço (reforçam o financiamento) como é o caso dos produtos
financeiros complexos.

O novo regulamento é também justificado com o facto de estes produtos
poderem ter um risco de perda de capital elevado, que chega a superar
o montante investido. O documento vai estar em consulta pública até 28
de Fevereiro.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O BCE também vai sofrer perdas na reestruturação grega?

O BCE comprou no mercado secundário montantes elevados de dívida
grega, cerca de 55 mil milhões de euros, mas está a manter-se à margem
destas negociações. Esta é uma questão complexa, porque muitos
economistas dizem que o banco central acabará por ter de assumir essas
perdas.

Se o FMI goza de senioridade (prioridade) no pagamento da dívida, é
mais discutível se o Banco Central Europeu goza do mesmo estatuto,
porque estes títulos foram adquiridos no mercado aberto, como qualquer
investidor.

O UBS diz que este será, independentemente do que acontecer na Grécia,
um dos principais pontos de batalha legal nos próximos anos.

Se acabar por ter de sofrer perdas, isso não colocará em risco o
próprio banco central, diz Stephane Deo. O BCE poderia perder cerca de
22 mil milhões de euros se tivesse de assumir perdas na dívida grega,
calcula o economista. "O BCE seria capaz de gerir isso".

Se há uma perda de valor num incumprimento da Grécia, os “credit Default swaps” não deveriam ser activados?

Os "credit default swaps" funcionam como seguros contra incumprimento
na dívida. Esse contrato é elaborado e vendido por uma terceira parte,
normalmente um banco, que é chamado a ressarcir o investidor na
obrigação caso o emitente da mesma obrigação não cumpra o pagamento.

O organismo que decide o que constitui um "default" (o chamado "evento
de crédito") é a ISDA, a International Swaps and Derivatives
Association. Nas condições em que a troca poderá ser efectuada com os
bancos representados no Instituto Internacional de Finanças, a ISDA já
veio dizer que considera a troca "voluntária", ainda que isso seja,
naturalmente, discutível.

Mas Stephane Deo assinala que, se realmente forem impostas as
"Collective Action Clauses", isso reflectir-se-á sobre os investidores
que não foram incluídos na negociação mas que sofrerão perdas. Aí, o
economista do UBS diz que não há forma de advogar que isso não
constituirá um "evento de crédito", pelo que os "credit default swaps"
terão de ser activados.

O UBS calcula que existem 3,3 mil milhões de euros em "credit default
swaps" sobre dívida grega.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Estrangeiros retiram poupanças dos bancos espanhóis

Em Espanha, os estrangeiros não residentes estão a reduzir a exposição
aos bancos do país. A desconfiança no sistema financeiro espanhol está
na base deste comportamento.
De acordo com o jornal espanhol "Cinco Días", os não residentes
reduziram a sua exposição em 47.895 milhões de euros, o que
corresponde uma quebra de 39%.

Neste período o valor dos depósitos dos residentes diminuiu em 5,1%,
ou seja menos 14.600 milhões de euros, de acordo com dados revelados
pelo Banco de Espanha citado por este órgão de comunicação social
espanhol.

Entre Outubro de 2010 e Outubro de 2011, a Espanha viveu um período
conturbado. A pressão dos mercados sobre o país foi aumentando, as
exigências dos investidores no que toca a reformas estruturais
aumentaram também, pelo que este clima acabou mesmo por conduzir o
anterior Executivo, liderado por José Luís Zapatero, a demitir-se e a
convocar eleições legislativas antecipadas.

Assim, e dado o clima de "nervosismo", os não residentes mostraram que
não confiavam no sistema financeiro do país vizinho e optaram por não
colocar as suas poupanças em Espanha. Nem a guerra dos depósitos, com
as instituições a pagarem juros cada vez mais elevados, conseguiu
convencer os extrangeiros a manterem as suas poupanças nos bancos
espanhóis.

O jornal escreve ainda que até 2008, os depósitos dos não residentes
em Espanha aumentaram de forma constante. Em apenas três anos, segundo
a mesma fonte, os valores passaram de 328.339 milhões de euros para
504.745 milhões de euros – valor registado em 2008.

Porém, a chegada da crise alterou esta tendência. Desde 2008, que o
valor dos depósitos dos não residentes tem vindo a diminuir, tendo
mesmo atingido os 75 mil milhões de euros em Outubro de 2011.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Corte de Cabelo Grego

A dívida soberana grega é de €352 mil milhões, ou seja 160% do Produto
Interno Bruto(PIB). É uma das mais elevadas do mundo em relação ao
PIB, só inferior à do Zimbabwe e do Japão, que têm níveis superiores a
200%. Uma parte dessa dívida grega são empréstimos, no total de €92
mil milhões, dos quais 53 mil milhões por via da União Europeia e 20
mil milhões oriundos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Da parte
titulada, num total de €260 mil milhões, €55 mil milhões são títulos
na posse do banco Central Europeu, e os restantes €205 mil milhões
estão em mãos de credores privados, segundo o estudo feito pelo jornal
alemão Der Spiegel.

Ora é sobre a maioria destes 205 mil milhões (ou seja, 58% da dívida
soberana total) que incidem as renegociações em curso. A distribuição
deste montante é aproximadamente a seguinte: fundos (de investimento,
de pensões, soberanos e hedge funds) com €70 mil milhões; bancos
gregos com €50 mil milhões; bancos europeus com €40 mil milhões;
fundos da segurança social grega com €30 mil milhões; companhias de
seguros europeias com €15 mil milhões.

O objetivo da renegociação é conseguir "emagrecer" a dívida grega de
160% do PIB hoje para 120% do PIB em 2020. Para isso, os credores
privados deveriam aceitar um "corte de cabelo" (hair cut, na
designação técnica) no valor líquido presente dos títulos que detém e
o resto ser trocado por novos títulos. É a dimensão deste "corte de
cabelo" que tem estado em negociação. Na verdade, foi "evoluindo" - de
21%, no começo da negociação, para 50%, e já chegará aos 75 a 90%,
ainda que sejam números não confirmados oficialmente.

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/reestruturacao-da-divida-grega-em-maus-lencois=f698685#ixzz1j30GGPvq

Salários dos banqueiros passados 'a pente fino' a partir de hoje

Os salários pagos pelos bancos aos seus gestores vão passar a ser
escrutinados ao pormenor. Entram hoje em vigor as novas regras sobre a
remuneração no sector bancário que vão obrigar a critérios mais
rigorosos e a maior transparência na divulgação da política salarial
de cada instituição. O aviso do Banco de Portugal, publicado ontem em
Diário da República, entra hoje em vigor e, na parte que diz respeito
à informação a divulgar sobre a política remuneratória, vai já
aplicar-se às contas de 2011, que ainda estão a ser fechadas pelos
bancos.

O aviso 10/2011 surge no seguimento das directrizes europeias
definidas em 2010 destinadas a travar políticas de remuneração que
incentivem os gestores a assumir riscos injustificados que possam, no
limite, pôr em causa a própria instituição. Procura-se assim dar
seguimento a algumas das lições tiradas da crise financeira.

Para além da componente da divulgação de informação, o Banco de
Portugal define os critérios que os bancos terão obrigatoriamente de
ter em conta nas suas políticas salariais. Os detalhes são muitos mas
entre as novas exigências está o facto de a política de remuneração
dever ser "adequada e proporcional à dimensão, organização interna,
natureza, âmbito e complexidade da actividade da instituição".

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Alemanha paga juros negativos para emitir dívida

A Alemanha colocou no mercado 3.900 milhões de euros em dívida a seis
meses, pagando aos investidores uma yield de -0,012%. Ou seja, os
investidores receberão, daqui a seis meses, menos do que hoje
investiram.
A Alemanha financiou-se esta manhã com a emissão de dívida a seis
meses, colocando junto dos investidores títulos que vão conferir uma
rendibilidade negativa (-0,012%).

O resultado do leilão ilustra os receios que continuam a viver-se nos
mercados, com os investidores interessados em "armazenar" os recursos
financeiros em activos que consideram de refúgio, sacrificando as
rendibilidades.

Banca subiu ‘spread’ no crédito à habitação para valor recorde

No espaço de um mês, seis bancos subiram os seus 'spreads'. No Banif,
o 'spread' já pode chegar aos 7,95%.
Recorrer ao crédito para comprar casa é cada vez mais caro e difícil e
os sinais não são muito animadores para quem pretenda dar esse passo
em 2012. Isto acontece porque os 'spreads' do crédito à habitação não
param de subir. No espaço de pouco mais de um mês, foram seis os
bancos a operar em Portugal, que reviram em alta os 'spreads' (mínimos
e/ou máximos). Foi o que aconteceu com o Santander, Montepio,
Barclays, Banif, Crédito Agrícola e o Deutsche Bank. Na situação mais
extrema, quem for contrair um empréstimo para comprar casa pode ser
confrontado com um 'spread' de 7,95%.
A tendência de subida de 'spreads' na habitação não é novidade. Desde
2009 que o preço que é cobrado pelos bancos para conceder este tipo de
crédito tem vindo a escalar. Só no último ano, a média dos 'spreads'
mínimos divulgados nos preçários dos bancos mais do que duplicou para
cerca de 3%. Já os 'spreads' máximos suplantam os 5% em todas as 13
instituições financeiras analisadas.
As revisões em alta são transversais à generalidade das instituições
financeiras e são o reflexo das dificuldades pelas quais o sector
passa. Como explica Rui Constantino, economista-chefe do Santander
Totta, "o preço do crédito deve reflectir todos os custos associados.
O que se verifica é que os bancos não estão a conseguir colocar
'funding' no mercado e se não o conseguem o custo do crédito tem que o
reflectir. Depois, também existe o lado do risco de incumprimento que
obriga os bancos as fazerem maiores provisões bem como do próprio
ponto de vista regulatório em que há um consumo de capital associado e
rácios de desalavancagem exigidos. Por isso, claro que isso se tem que
reflectir através da subida dos 'spreads'".

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Vendas de casas caíram entre 15 e 20% no último ano

A APEMIP estima que a queda das vendas de casas tenha chegado aos 20%,
mas nem tudo pode ser atribuído à crise económica.

No balanço do ano que passou, as transacções de casas baixaram
significativamente, a procura de casas arrendadas é superior à oferta
e o negócio das mediadoras vira-se, cada vez mais, para as redes de
agências. "Não tenho ainda números concretos dessa quebra de vendas,
mas diria que deverá andar entre 15 e 20%", aponta o presidente da
Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de
Portugalda (APEMIP), Luís Lima.

Mas nem tudo de mau se deveu à crise económica e financeira. "O volume
de vendas de 2011 seria sempre menor do que em 2010. É impossível, num
mercado de compra e venda de imóveis, estar permanentemente a crescer.
Isso seria a 'cimentização' injustificada de um país", defende ainda
Luís Lima.

"Desafiante" é a palavra mais relatada pelos especialistas consultados
pelo Diário Económico. "Foi sem dúvida um ano desafiante e fortemente
condicionado pelas restrições ao crédito, pelas eleições antecipadas e
pelo acordo da 'troika'", atesta o director da Century 21, Ricardo
Sousa, responsável pela fusão com a cadeia de mediação Fita Métrica.

Por sectores, há quem aponte para quedas de 40% nas operações
imobiliárias. "A quebra de actividade foi generalizada em todas as
áreas de negócio do mercado imobiliário. No segmento de escritórios,
por exemplo, deverá haver uma redução de cerca de 40% face a 2010,
quando já tinha havido uma redução significativa em relação a 2009. No
comércio, praticamente só houve novos negócios no comércio de rua,
visto que boa parte dos projectos de 'shopping centers' foi travada ou
adiada", defende o director da B. Prime, Jorge Bota.

Apesar do emagrecimento do mercado, há quem se gabe de ter ganho
quota. "Num ano em que o volume de absorção irá atingir mínimos
históricos (estimamos cerca de 80 mil metros quadrados), a Jones Lang
LaSalle vai colocar cerca de 20 mil metros quadrados, isto é,
equivalente a 25% do mercado de escritórios", conclui o director,
Pedro Lancastre.

China implementa medidas para dinamizar "short selling"

Sim, leu correctamente: dinamizar. Ao passo que alguns países da
Europa proibiram temporariamente a prática de vendas curtas, a China
quer que o "short selling" se intensifique no país.
A China prepara-se para implementar medidas para dinamizar o "short
selling", com o objectivo de intensificar a profissionalização dos
seus mercados, avança hoje o "Financial Times", com base em
testemunhos de intervenientes no mercado.

No primeiro trimestre de 2012, o país asiático vai criar uma entidade
– a Centralised Securities Lending Exchange – que irá facilitar o
"short selling", também chamado de venda curta, prática que pretende
tirar partido da queda do valor das acções. Os investidores que estão
a curto pedem acções emprestadas para as vender no mercado e,
posteriormente, adquiri-las a um preço mais baixo.

Esta prática que a China quer dinamizar foi proibida temporariamente
em alguns países europeus, como a França, como forma de desencorajar
movimentos especulativos. Em Novembro, por exemplo, os franceses
decidiram prolongar a proibição do "short selling" por mais três meses
dada a instável situação dos mercados em 2011.

A China começou por permitir estas vendas curtas em 2010. Contudo, têm
sido poucos os investidores a optar por este tipo de movimentações, já
que são poucas as acções disponíveis para esta prática, de acordo com
o "Financial Times".

A entidade que o país quer criar para facilitar as também denominadas
vendas a descoberto, que terá como principal accionista a reguladora
de mercado chinês, deverá facilitar a disponibilidade de acções para
gestores de fundos que as pretendam emprestar.

O impulso dado ao "short selling" é dado depois de o índice da bolsa
de Xangai cair 22% no ano passado (o PSI-20 deslizou 27%).

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

CFO portugueses são mais novos e ganham menos que a média europeia

Os salários mais altos são os dos CFO da Alemanha, Suíça e Áustria,
que estão muito acima da média.

Os 'Chief Financial Officers' (CFO) e directores financeiros
portugueses são os mais jovens, ganham menos que os congéneres
europeus e têm pouca experiência profissional no estrangeiro. Esta é
uma das muitas conclusões de um estudo efectuado pela Michael Page,
este ano, a 2.407 CFO e directores financeiros de 14 países, a maioria
da zona euro.

Em Portugal, "notámos que existem mais CFO jovens, tal como em França
e na Alemanha. Existem vários factores para que isto aconteça, mas tal
deve-se, principalmente, ao tamanho das companhias, pois mesmo as
multinacionais que estão em Portugal têm departamentos financeiros
relativamente pequenos", explica ao Diário Económico Álvaro Fernández,
director-geral do grupo Michael Page.

Outro dos factores prende-se com a circunstância de Portugal ter
também uma nova geração de pessoas, que são normalmente muito jovens,
mas que têm uma visão internacional e alguma experiência profissional
no estrangeiro. Porém, de todos os CFO em análise, os portugueses,
polacos, russos e espanhóis são os que têm menor experiência
internacional.

O retrato do CFO português, com base no barómetro europeu 2011, da
consultora Michael Page, só tem paralelo com o dos congéneres de
Polónia e Rússia e contrasta com os dos países em que se fala alemão.
Pelo menos um terço dos CFO de cada um destes três países indica que
se tornou CFO quando tinha menos de 30 anos de idade, ao passo que
mais de 70% destes tinha menos de 35 anos.

Segundo o responsável da Michael Page, o papel dos CFO na actual crise
é muito importante. "É o CFO que poderá indicar quais os cortes de
custos que podem ser efectuados e o que deverá ser melhorado na área
administrativa", realça Álvaro Fernández. Além disso, caberá ao CFO
"ajudar a escolher o melhor caminho para a companhia para que, no
futuro, esteja mais preparada. O CFO é uma das peças mais importantes
de uma empresa".

Papel activo na gestão

Durante muito tempo, o cargo de CFO foi encarado como executivo que
estava centrado, unicamente, na parte financeira. Hoje o CFO deverá
ter um papel mais activo e tornar-se um 'partner' da organização. "Em
Portugal o CFO é multidisciplinar, pois as organizações são pequenas.
Constatámos que, normalmente, dominam a parte financeira, mas também
conhecem bem a área administrativa, jurídica, informática, etc",
salienta o responsável da Michael Page.

António Filipe, CFO da Canon Portugal, assumiu o cargo com 33 anos e
hoje, com 37, gere quatro departamentos na área financeira: risco,
crédito, contabilidade e 'reporting'. Actualmente, "estamos
perfeitamente aptos a fornecer informação a todos os departamentos da
empresa. Antigamente, as áreas financeira e comercial estavam de
costas viradas", diz António Filipe.

O barómetro europeu mostra ainda que os administradores financeiros
têm pouca confiança no euro.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Governo grego pede aos credores que perdoem 75% da dívida

O novo Executivo quer que os bancos e seguradoras elevem o perdão até
75% da dívida, avança a Reuters, sublinhando que é bastante provável
que se chegue a um acordo já este mês.
Até agora as autoridades conseguiram um pré-acordo de um perdão
voluntário de 50% ou 100 mil milhões de euros, o que ajudará a reduzir
a actual dívida, que equivale a 160% do PIB para 120% em 2020.

Já tinha dito que 50% não seriam suficientes...