sexta-feira, 1 de junho de 2012

Fundos não vão poder investir em acções e dívida da casa-mãe

O regulador financeiro quer reforçar a independência das sociedades
gestoras de fundos de investimento face aos bancos que as detêm. Um
dos principais objectivos da Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários (CMVM) é precisamente promover e reforçar a independência
da gestão de activos face à casa-mãe. Com vista a este objectivo, a
CMVM avança em três frentes: a proibição do investimento em activos do
grupo da entidade responsável pela gestão; a exigência de um mínimo
adequado de membros dos órgãos de administração das entidades
responsáveis pela gestão (a ser fixado posteriormente pela CMVM) e que
a maioria dos membros do órgão de fiscalização sejam independentes; e
a exigência que os membros do órgão de administração do depositário -
a entidade que guarda os valores investidos pelos aforradores - não
possam aceitar a interferência da entidade que domine a instituição
depositária.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

BCE rejeita plano do Governo espanhol para o Bankia

Executivo de Rajoy pretendia que o Bankia utilizasse o dinheiro do
Estado para comprar dívida pública e depois descontar esses títulos
junto do BCE. Autoridade monetária rejeita, pois isso seria financiar
Espanha de forma directa.
O plano do governo espanhol para recapitalizar o Bankia recebeu um
chumbo por parte do Banco Central Europeu, que, segundo o Financial
Times, o classificou de inaceitável.

O plano delineado por Madrid passava pela entrada do Estado no Bankia,
que na realidade é pago com títulos de dívida pública, sendo que
depois o banco espanhol iria comprar dívida pública com o capital
injectado, levando depois esses títulos ao BCE para obter a liquidez
de que necessita.

Entende o BCE que este plano viola os princípios da autoridade
monetária, que está proibida de financiar directamente os Estados.

Com este plano, o Governo espanhol não iria necessitar de angariar
novos fundos nos mercados para injectar 19 mil milhões de euros no
Bankia, já que o banco espanhol iria investir esse dinheiro na compra
de dívida pública. E o seu problema de liquidez ficaria resolvido com
a utilização destes títulos de dívida pública para obter financiamento
junto do BCE.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Bancos compram sete mil milhões de dívida pública

Em Fevereiro e Março os bancos portugueses aumentaram a sua exposição
à dívida pública nacional em quase sete mil milhões de euros, para um
total de 29,7 mil milhões. Uma tendência transversal à zona euro nos
últimos meses, com os bancos a aproveitarem o excesso de liquidez
promovido pelos leilões excepcionais do BCE para comprarem activos com
elevadas taxas de juro. Um movimento que não tem sido imune a
críticas, já que esta liquidez permanece sem chegar à economia,
enquanto os bancos adquirem financiamento a 1% e aproveitam 'yields'
que, no caso português, rondam os 12%. Os legisladores da UE estarão
mesmo a preparar normas que obrigarão os bancos europeus a divulgarem
os lucros alcançados com estas operações.

‘Troika’ tem 25% da dívida portuguesa

A 'troika' já é credora de 25% da dívida directa do Estado português.

A dívida de Portugal com a UE e o FMI atingiu 47 mil milhões de euros
no final de Abril, segundo dados revelados ontem pelo Instituto de
Gestão do Crédito Público. O valor corresponde a 25,3% do total da
dívida directa do Estado que se situou no final do mês passado em
185,8 mil milhões de euros.

O montante emprestado pela 'troika' subiu 11,2 mil milhões de euros
desde o início do ano, sendo que as maiores tranches do Programa de
Assistência Financeira já foram desembolsadas. Estes valores
contribuíram para uma subida de 10,9 mil milhões de euros da dívida do
Estado em 2012.

Espera-se que a partir de Junho a 'troika' liberte mais quatro mil
milhões de euros para financiar Portugal. As entidades da UE que
emprestam a Portugal, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira
e o Fundo Europeu de Estabilização Financeira, desembolsaram até final
de Abril 28,3 mil milhões de euros. Já o montante em dívida ao FMI
situava-se em 18,7 mil milhões de euros.

Espera-se que a parte da dívida portuguesa a ser detida pela 'troika'
venha a aumentar. Isto porque em Junho o Estado irá devolver 9,67 mil
milhões de euros aos investidores, referentes a uma Obrigação do
Tesouro que atinge a maturidade. Esta amortização diminuirá o 'stock'
total de dívida o que, ao mesmo tempo que se recebem novas tranches da
troika', reforçará o papel da UE e do FMI como maiores credores de
Portugal.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Saída de 700 milhões de euros do sistema financeiro grego

As famílias gregas retiraram dos bancos 700 milhões de euros só na
segunda-feira, revelou o presidente da Grécia numa reunião este
domingo e cujas conversas estão a ser reveladas através de
transcrições que estão a chegar às redacções.

A Dow Jones revela que Karolos Papoulias terá dito aos responsáveis
políticos, que não conseguiram chegar a acordo para formar Governo,
entre os resgates de depósitos e as ordens recebidas para comprar
dívida alemã totaliza 800 milhões de euros. O que significa que os
gregos poderão estar a retirar as suas poupanças dos bancos e a
apostar em dívida alemã, considerada um investimento seguro.

Se os investidores continuarem a retirar os depósitos dos bancos,
devido à instabilidade política que se continua a sentir mais de uma
semana depois das eleições, os bancos podem enfrentar o perigo de
quebra, indicou Papoulias, num documento ontem divulgado pelo site da
presidência helénica e citado pela agência Bloomberg.

A "fuga" dos depósitos não é uma nova questão, já que têm vindo a cair
desde o início da crise nos países periféricos, à excepção de
Portugal. Em Fevereiro, por exemplo, a diminuição dos depósitos
bancários face a Junho de 2009 era de 28% na Grécia. A desconfiança
face à solvência dos bancos leva a que os depositantes retirem o seu
dinheiro para colocarem noutras entidades que lhes confiram maior
confiança. Em Fevereiro, a colocação de depósitos na Alemanha era uma
das soluções.

Com a instabilidade política decorrente da ausência de um governo após
as eleições de 6 de Maio, o desaparecimento de depósitos das famílias
helénicas poderá ter-se agravado, segundo o que é dito por Karolos
Papoulias. O risco é "real", afirmou, segundo a Bloomberg.

O argumento foi um dos utilizados no encontro em que reuniu os líderes
do Nova Democracia, do Pasok e do Esquerda Democrática, as forças
políticas que se têm encontrado para tentar constituir uma solução
governativa, mas que não têm conseguido chegar a um consenso.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Moody's corta 'rating' de 26 bancos italianos

A agência de notação financeira baixou o 'rating' de longo prazo
atribuído a 26 bancos italianos, devido a dificuldades económicas em
Itália, ao enfraquecimento dos lucros e ao "acesso restrito a
financiamento", anunciou hoje a instituição.
A agência de notação financeira baixou o 'rating' de longo prazo
atribuído a 26 bancos italianos, devido a dificuldades económicas em
Itália, ao enfraquecimento dos lucros e ao "acesso restrito a
financiamento", anunciou hoje a instituição.

As quedas do 'rating' dos 26 bancos vão de um a quatro níveis, com os
dois maiores bancos de Itália, o UniCredit e o Intesa Sanpaolo, a ver
o 'rating' cortado em um nível, ambos para A3.

"Os 'ratings' dos bancos italianos estão agora entre os mais baixos
dos países europeus avançados, refletindo a suscetibilidade destes
bancos às condições de mercado adversas em Itália e na Europa",
considera a Moody's.

"Os bancos são vulneráveis à nova recessão em Itália, devido aos seus
já elevados problemas de crédito e à fraca rentabilidade. Estes riscos
são exacerbados pelas preocupações dos investidores quanto à
sustentabilidade da dívida pública italiana, que contribuiu para o
conjunto das condições difíceis de financiamento que os bancos
italianos enfrentam", acrescentou a agência.

Além do UniCredit e do Intesa Sanpaolo, também foram afetados pela
decisão de hoje da Moody's o Banco Popolare di Milano, o Unione di
Banche Italiane, o Banca Sella Holding, o Banco Popolare Societa
Cooperativea e o Credito Emiliano.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Bruxelas quer que Governo tire supervisão ao Banco de Espanha, diz "La Vanguardia"

Uma noticia muito estranha... Afinal de contas, os auditores também
não falharam?

«A Comissão Europeia pediu ao ministro da Economia espanhol, Luis de
Guindos, que retire ao Banco de Espanha a supervisão dos bancos e
contrate auditores independentes. A notícia é do diário espanhol "La
Vanguardia", que não especifica fontes.
O jornal não especifica as fontes que lhe deram a informação.
Representantes da Comissão Europeia terão pedido ao ministro da
Economia, Luis de Guindos, que entregue a auditores independentes a
análise do balanço dos bancos.

Segundo o "La Vanguardia", Bruxelas está alarmada pelo facto de o
banco central espanhol não ter identificado as fragilidades no Bankia,
que ontem pediu ao Estado para ser parcialmente nacionalizado, pelo
que defende que a Supervisão da banca, uma das competências mais
importantes de um banco central, seja retirada ao banco central e
entregue a auditores independentes.»

Exposição das carteira dos setor segurador a dívida e acções do sector financeiro é de 71%

De acordo com os dados ontem divulgados, e pela primeira vez, pelo
Instituto de Seguros de Portugal (ISP), o sector financeiro tem um
peso de 71% no total do investimento realizado em dívida privada e em
acções por parte do sector segurador. No entanto, enquanto o
investimento em acções soma 707,8 milhões de euros, 2% do total, as
aplicações em dívida privada representam 52% da carteira, para um
total de 24 mil milhões de euros. De notar que grande parte dos fundos
geridos pelas seguradoras destinam-se a complementos de reforma,
produtos que pelas suas características aconselham a uma gestão
prudente das carteiras. O ISP divulgou também ontem dados referentes
aos fundos de pensões, geridos pelas seguradoras, que reflectem uma
realidade idêntica à do sector - 55% dos investimentos realizados em
dívida privada e em acções, que representam 23% e 14% do total,
respectivamente, estão alocados ao sector financeiro. De notar que,
segundo o último relatório do Conselho Nacional de Supervisores
Financeiros, os fundos de pensões geraram em média um retorno negativo
de 4% em 2011.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Moody’s poderá cortar "rating" de mais de 100 bancos este mês

A agência de "rating" vai rever a classificação de mais de uma centena
de bancos este mês, para incorporar os efeitos adversos da crise da
dívida, o abrandamento da economia e as novas regras de capital.

A agência de notação financeira Moody's vai começar este mês a cortar
a sua classificação de risco para mais de 100 bancos, um movimento que
poderá agravar os custos de financiamento das instituições,
forçando-os a reduzir ainda mais o financiamento à economia.

BNP Paribas, Deutsche Bank e Morgan Stanley estão entre os bancos que
poderão ver o seu "rating" baixar para o valor mais baixo de sempre
pela Moody's, tal como adiantou a própria agência no passado mês de
Fevereiro, segundo a Bloomberg.

A confirmarem-se os cortes, que seguiriam as revisões em baixa
realizadas pela Standard&Poor's e pela Fitch no ano passado, poderão
afectar os resultados dos bancos e tornar mais difícil o acesso a
financiamento junto destas instituições.

Estas descidas de "rating" poderão penalizar ainda mais os mercados
accionistas, num momento em que permanecem muitas incertezas em torno
da formação de um novo governo na Grécia.

"Gostaria de dizer que as visões das agências de 'rating' já não
interessam, mas infelizmente, interessam", destacou Philippe Bodereau,
responsável pelo "research" de crédito da Pacific Investment
Management, em declarações à Bloomberg.

A Moody's adiantou em Janeiro que iria avaliar como classifica os
bancos europeus, para reflectir os efeitos adversos da crise da dívida
soberana, o abrandamento da economia e as novas regras de capital
impostas pelas autoridades.