terça-feira, 30 de agosto de 2011

Risco de Incumprimento: Espanha e Itália

Por outro lado, releva ainda sublinhar que o risco de incumprimento
soberano é superior, desde à dois meses atrás, em Itália por
comparação com Espanha.

Querá isto dizer que os investidores estão mais preocupados com o
elevado stock de dívida pública de Itália do que com a verosimelhança
de uma crise bancária em Espanha?

Dívida soberana europeia tão arriscada quanto dívida portuguesa em Junho de 2010

O Markit iTraxx SovX Western Europe traduz a média dos preços dos CDS
de 15 países europeus. Pois bem, este índice cotava em 28-08-2011 em
307 b.p.. Note-se que Portugal atingiu esse nível a 20-05-2010. Estará
a Europa a caminhar para uma desconfiança por parte dos mercados
similar à que existe sobre Portugal?

O gráfico que se segue mostra algumas semelhanças no padrão das duas
séries temporais.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Concessão de crédito à habitação cai 42% em Espanha

O número de empréstimos concedidos para a compra de habitação registou
a maior queda desde 2009, em Espanha. A concessão de crédito
hipotecário diminui em termos homólogos 42% no mês de Junho (mês de
Maio queda fora de 32%, segundo a Bloomberg que cita os dados do
Instituto Nacional de Estatística em Madrid).

Os preços das habitações caíram cerca de 30% desde o pico dos preços
atingido em 2007, de acordo com a Bloomberg que cita dados do "site"
fotocasa.es e da escola de gestão IESE.

O crédito à habitação também regista quedas, conquanto não tão
elevadas como em Espanha. Presumo que a redução do financiamento em
Portugal se deva em maior medida às restrições bancárias e
dificuldades de financiamento dos bancos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

«Moody’s ratings often do not reflect its analysts’ private conclusions»

É o que diz William Harrington antigo analista sénior da Moody's.

«Moody's management and "compliance" officers do everything possible
to make issuer clients happy — and they view analysts who do not do
the same as "troublesome."»

Trocar certificados por obrigações do tesouro é uma decisão correcta? (cont.)

(Continuação do post anterior)


De facto, releva salientar a este respeito que o detentor do CT tem
uma opção de venda (put option) sobre o mesmo, que lhe permite
resgatar o montante investido se a conjuntura lhe for adversa.

Trocar certificados por obrigações do tesouro é uma decisão correcta?

Segundo um artigo do Jornal de Negócios a resposta é afirmativa.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=502777

O artigo foca alguns aspectos interessantes, mas parece negligenciar
um ponto fundamental. O risco preço/taxa de juro de mercado é uma
delas. Considere-se dois investidores: o investidor A adquire
obrigações do Tesouro ao passo que o B subscreve Certificados do
Tesouro (doravante, CT). Antes da maturidade (5 ou 10 anos) os dois
decidem reaver o capital.
Resultado, o investidor A arrisca-se a perder capital investido,
devido a alterações das yields curves ou a um aumento do risco de
crédito do estado português, enquanto o investidor B recebe o montante
investido inicialmente, sofrendo somente uma penalização dos juros.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crédito vencido acelera nas empresas de maior dimensão

Existem em Portugal 54.438 empresas com crédito vencido. Destas,
cerca de 25.019 empresas têm um saldo em dívida médio de 4.400 euros.
No primeiro semestre deste ano, 1.713 PME's entraram em incumprimento.

Todavia, a conjuntura negativa crise não afecta apenas as PME's.
Actualmente a banca tem 6,3 mil milhões de euros de crédito
empresarial em incumprimento. O segmento das grandes empresas (com
créditos superiores a cinco milhões de euros) corresponde a 3,37% das
empresas com crédito concedido, mas é responsável por 37% do crédito
em incumprimento, ou seja, 2,3 mil milhões de euros, sendo de forma
concomitante, o segmento onde o malparado mais aumentou no semestre,
quer em número de empresas em incumprimento, quer em montantes. O
número de empresas aumentou 28,6%, enquanto o crédito em incumprimento
cresceu 529 milhões de euros, ou 29,6%.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crédito mal parado no consumo

Enquanto o crédito mal parado a particulares na habitação habitação se
fica pelos 1,9% dos valores emprestados (mantendo-se estável nos
últimos 12 meses), o crédito vencido no consumo atingiu os 9,2% em
Junho de 2011.

Quando se analisam os mesmos dados tendo por referência o número de
devedores, os dados são ainda mais alarmantes. Cerca de 5,5% dos
contratos de crédito à habitação tinham prestações em atraso em Junho
de 2011: No caso do crédito ao consumo, 15,9% têm valores em dívida
que já venceram mas não foram liquidados.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Entregar a casa ao banco já compensa em Espanha

Cerca de 250 mil casas em Espanha viram o seu valor cair para um nível
mais baixo do que o devido ao banco pelas famílias que recorreram a
uma hipoteca para a sua compra, segundo os cálculos da consultora
"Oliver Wyman" e citados pelo jornal espanhol "Cinco Días".

Há dois anos eram apenas 100 mil hipotecas a estarem nesta situação,
refere a publicação do país vizinho, que sofre um grave crise
imobiliária.

Em suma, entregar a chave da casa ao banco pode ser uma boa solução
para alguns destes casos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Investimento imobiliário na Europa do Sul caiu cerca de 70%

Depois do aumento de 32% registado nos primeiros três meses do ano em relação ao período homólogo, o investimento imobiliário na Europa denotou uma desaceleração acentuada no segundo trimestre face ao mesmo período de 2010.

É de notar porém que as taxas de crescimento no segundo trimestre foram bastante distintas no conjunto da Europa, "com os mercados a Norte a apresentarem níveis de forte crescimento, e os mercados do Sul e o Reino Unido a serem palco de declínio".
Os volumes de investimento imobiliário na Europa do Sul caíram cerca de 70% no segundo trimestre face ao período homólogo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Certificados de Aforro

Continua a morte lenta dos Certificados de Aforro. Entre Janeiro e
Julho, os portugueses resgataram de certificados de aforro 2.936
milhões de euros e somente subscreveram 228 milhões de euros.

Só em Julho foram mais 415 milhões de euros que foram resgatados deste
instrumento de dívida do Estado, face a apenas 33 milhões de euros de
novas subscrições, segundo o IGCP. A taxa de juro bruta para novas
subscrições de certificados de Aforro, Série C, em Julho de 2011,
tinha sido fixada em 1,533% e para Agosto o IGCP colocou a taxa de
remuneração destes instrumentos nos 1,617%.

O cenário dos Certificados de Aforro contrasta com o dos Certificados
do Tesouro, que apresentam um saldo líquido mensal de subscrições
positivo.

Os Certificados de Aforro parecem ser pouco atractivos. Não seria
preferível o Estado pagar uma taxa próxima do que paga a investidores
institucionais para dívida de curto prazo, como aliás sucede nos
Bilhetes do Tesouro?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desapareceram 720 imobiliárias nos três primeiros meses do ano

O sector imobiliário enfrenta, de facto, um período instável e
conturbado. Prova disso são as 720 imobiliárias que desapareceram nos
três primeiros meses do ano, segundo o Público.

Já ontem, a Cushman & Wakefield revelava também que o investimento
imobiliário em Portugal caiu 30%.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=501875

A nova lei das OPA

A blindagem dos estatutos é uma estratégia de defesa de uma empresa
face a uma OPA ofensiva. Esta nova lei, caso venha a avançar, deixa as
empresas cotadas praticamente sem qualquer proteção contra uma OPA
indesejada. A nova lei em consulta, obrigará à alteração do artigo nº
182 A do Código de Valores Mobiliários. A este novo mecanismo, já
previsto na diretiva das OPA (2004/25), mas até agora não aplicada em
Portugal, chama-se " Breakthrough rules".

Após a concretização da OPA, se o vencedor da oferta ficar com mais de
dois terços do capital e convocar uma Assembleia Geral (AG), consegue
sozinho desbloquear definitivamente os estatutos. Nessa AG a blindagem
cai automaticamente, ou seja, os acionistas passam a votar com as
percentagens que lhes correspondem. A blindagem de estatutos e os
próprios estatutos normalmente só podem ser alterados se dois terços
dos acionistas presentes votarem a favor.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Banca quer ignorar queda da dívida pública na transferência dos fundos

Na sequência do post de ontem, surge hoje a notícia de que a banca
quer ignorar queda da dívida pública na transferência dos fundos. E
fica a questão: quanto vale a carteira dos fundos de pensões a preços
de mercado?

Releva para este exercício o valor da dívida pública, e em particular
da dívida pública portuguesa que apresenta uma desvalorização notória.
Na óptica dos bancos e respectivos fundos de pensões, a contabilização
da dívida pública pelo preço de aquisição ou valor nominal poderá
fazer sentido, porquanto essa dívida deveria ser mantida até à
maturidade. Porém, na óptica do governo português, os montantes
transferidos dos fundos de pensões deverão ser canalizados para o
pagamento de despesas correntes e perante isto, o mark-to-the-market
fará mais sentido.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Fundos de pensões dos bancários na CGA, quem fica a ganhar?

A passagem dos fundos de pensões da banca para a Caixa Geral de
Aposentações (CGA) deverá resultar num fluxo de entrada de 12,4 mil
milhões de euros, ao longo dos próximos anos. Correspondem ao valor
estimado dos activos detidos pelos fundos de pensões da Caixa Geral de
Depósitos (CGD), Millennium BCP, Banco Espírito Santo (BPI), BPI e
Santander Totta no final do ano passado. Segundo os relatórios e
contas relativos a 2010, os fundos de pensões dos cinco maiores bancos
nacionais têm um rácio de cobertura médio de 102%, o que significa que
dispõem de activos suficientes para cobrir as responsabilidades com as
pensões de reforma.

O que não se sabe é se daqui a alguns anos o Estado terá recursos para
pagar as pensões dos actuais e futuros pensionistas agora integrados
no sistema público, pois o encaixe recebido irá ser certamente
utilizado para "tapar o buraco" orçamental que parece não ter fundo e
não para criar provisões para o futuro.

No que se refere ao impacto desta medida nas contas públicas, sou da
opinião que esta estratégia deveria ter sido proíbida à bastante
tempo, já que a incorporação destes fundos de pensões no sistema
público não é uma verdadeira receita, porquanto o estado português
terá que assumir responsabilidades futuras no pagamento das pensões
dos funcionários bancários.

SEC vs. agências de rating

Depois de redução do rating à dívida dos EUA, a SEC propõe que
agências de rating criem nos seus websites, uma página dedicada à
divulgação de erros de análise das agências de rating.

Essa medida visa expôr os desvios significativos das notações das
agências de rating, incutindo maior responsabilidade e transparência
nas notações de crédito emitidas.

http://www.reuters.com/article/2011/08/10/us-financial-regulation-sandp-idUSTRE77901S20110810

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Site da semana

O site http://www.kerryback.net/Derivatives.htm é o seleccionado para esta semana. É o site do livro: "A Course in Derivative Securities: Introduction to Theory and Computation".

«A Course in Derivative Securities was selected by riskbook.com as one of the top ten finance books of 2005.  According to the review at riskbook.com, "this book is an outstanding portal to the mathematics of financial engineering as it is practiced today."  »

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Maiores bancos mundiais anunciam quase 70 mil despedimentos para poupar custos

O negócio bancário está a ser ameaçado pela conjuntura económica. As suas carteiras de activos e de créditos encontram-se bastante desvalorizadas e os rácios de transformação de depósitos em créditos encontram-se em níveis muito elevados assim como o crédito mal-parado, num período em que as economias ocidentais se encontram muito alavancadas.

Mas se os bancos não encontram recursos para financiar a economia, então em que direcção irá o seu negócio? É certo que a desalavancagem da economia levará a uma redução da actividade da banca de retalho, e por conseguinte do número de balcões e do emprego. A solução preferida dos reguladores passa pela concentração e por fusões neste sector, o que além de sinergias resulta em redundância de serviços e agências.

E em Portugal, haverá espaço para a fusão entre os vários players?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fará o BCE marcha atrás na subida das taxas de juro de referência?

Segundo Roubini, o Banco Central Europeu (BCE) subiu juros e travou o seu programa de compras de obrigações soberanas cedo demais. Deve, assim, não apenas travar o ciclo de subidas dos juros, mas "reduzir as taxas a zero" e, simultaneamente, fazer "compras em larga escala de dívida pública", em especial de Itália e de Espanha, de modo a que estes dois pesos-pesados – que são simplesmente "grandes demais para serem resgatados" – não percam o acesso aos mercados.

Sem prejuízo do que Roubini sugere, penso ser também fundamental a redução dos desiquilíbrios macroeconómicos globais. A desvalorização simultânea do Euro e do Dolar face ao Iene e ao Renminbi é fundamental para o efeito. A alternativa pode ser bastante mais interessante que futuras restruturações de dívida ou emissão de moeda para financiar défices e amortizações de dívida, que de certo não agradará a chineses e japoneses.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A queda de um mito

Na passada semana a S&P reduziu a notação de crédito dos EUA. Na minha
opinião será a primeira de várias se a trajectória de crescimento da
dívida pública dos EUA não se alterar nos próximos anos.
Concomitantemente, a Blackrock colocou hoje uma questão pertinente:
existem poucas alternativas às obrigações do Tesouro dos EUA e o
sector de dívida pública norte-americana é o "maior e mais líquido"
mercado de obrigações do mundo.

Será que a vasta maioria dos investidores vai continuar a utilizar
'yield' das obrigações do Tesouro dos EUA como a efectiva referência
para a taxa de juro sem risco?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que são Fundos de Gestão do Património Imobiliário

Os Fundos de Gestão do Património Imobiliário (FGPI) são fundos abertos de investimento imobiliário, criados com o objectivo de tornar mais fácil às empresas a obtenção de meios financeiros a partir de uma utilização racional do seu património.

Assim, estes fundos destinam-se a ser aplicados na aquisição de bens imóveis, não afectos directamente à exploração (terrenos ou edifícios disponíveis, por exemplo), a empresas que pretendam concretizar projectos de investimento a nível de reestruturação, de modernização e/ou de internacionalização. Através da alienação aos FGPI ou a uma sociedade gestora de fundos de investimento imobiliários, é possibilitado às empresas a obtenção de liquidez que servirá para investir em novo imobilizado ou para amortizar eventuais empréstimos bancários contraídos.

O fundo ou a sociedade gestora, por seu turno, rentabilizarão esse imobilizado, alienando-o a potenciais investidores interessados ou, se assim ficar estabelecido previamente, alienando-o à própria empresa.<> O montante sob gestão dos fundos de gestão de património imobiliários (FGPI) era de 753,3 milhões de Euro em jun-2011. <>
 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fundo de Estabilização da Segurança Social

Este fundo público vale actualmente 5,6% do PIB português. Em teoria, este fundo corresponde à parte pública da reserva financeira portuguesa para financiar as pensões futuras e tem algum contributo no que se refere à poupança interna.

Agora, compare-se com fundos similares em outros países: Suécia (27,2%), EUA (17,9%), Japão (25,9%), Irlanda (15,9%).

Não se pense contudo, que Portugal figura entre os países pior preparados de entre os países desenvolvidos, pois França e Bélgica encontram-se em situação similar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Custos operacionais dos fundos de pensões

Os custos operacionais dos fundos de pensões em Portugal situaram-se em 0,1% dos activos geridos. Trata-se do valor mais baixo, em conjunto com a Dinamarca, entre os países da OCDE. Os custos operacionais incluem as despesas de gestão/administração e os custos de transacção.

Resta referir que entre os países da OCDE a média de custos operacionais foi de 0,5%, e que em Espanha esse valor foi de 1,3%.

Estes resultados foram divulgados num estudo da OCDE. Seria interessante conhecer os valores para as comissões de subscrição e resgate, assim como as razões para este valor reduzido das despesas operacionais em Portugal.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Site da semana

O site www.volopta.com contém um conjunto de exemplos de ferramentas de análise quantitativa em código VBA, Matlab e C++ bastante interessante. Árvores binomias, diferenças finitas e simulações de Monte Carlo são algumas das técnicas apresentadas no site acima referido. O código apresentado também não está protegido, daí o seu interesse pedagógico.