sábado, 30 de julho de 2011

BCP faz desconto a quem liquidar o crédito à habitação

«O BCP está a oferecer a clientes a possibilidade de amortizarem a
totalidade do empréstimo à habitação oferecendo como contrapartida um
desconto.

Segundo o 'Expresso', o banco diz que se trata de um prémio de
incentivo pela amortização antecipada dos empréstimos. O semanário
afirma que em alguns casos esse corte pode chegar aos 10% do valor da
dívida.

Estas operações "são avaliadas caso a caso e dependem do valor da
dívida, do 'spread' em vigor, e claro, da capacidade dos clientes em
pagar a dívida em causa".

Segundo o jornal, não se trata, para já, de uma campanha comercial do
banco, mas apenas de um programa-piloto para avaliar o interesse dos
clientes e também para o banco deste tipo de operações.»

In Expresso

Poderá ser compensador para o banco trocar contratos longos e com
spreads baixos por um desconto na amortização antecipada total. Já
agora, a quanto estarão a ser cotadas as obrigações do BCP garantidas
por contratos de crédito e respectivos colaterais (titularização)?
Será que o banco ainda faz lucro?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fundos de pensões: contribuição definida ou benefício definido?

Em Portugal a grande maioria dos fundos de pensões é de benefício definido, cerca de 92,18% dos fundos. Significa isto que, o investidor/aforrador assegura uma pensão fiaa quando atingir a idade de reforma contratualizada. Este tipo de fundos de pensões são os mais usais entre os países da OCDE. Não obstante, existem 11 países onde os fundos de contribuição definida predominam.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Moratória nos créditos à habitação em Espanha

<Medida inclui período de carência no crédito à habitação até três anos.
A partir de 1 de Agosto, o banco Santander passará a disponibilizar um período de carência de capital aos titulares de contratos de crédito à habitação que tenham perdido o emprego ou mais de 25% das suas receitas. A medida foi ontem anunciada em Espanha, por ocasião da apresentação dos resultados do banco no primeiro semestre. Até ao fecho desta edição, o Santander Portugal não confirmou se a medida será extensível também ao mercado nacional.>

DE

Valor relativo dos Fundos de Pensões no total da economia (PIB)

Os fundos de pensões têm uma importância muito modesta na economia portuguesa, porquanto representam somente 11,4% do PIB português. Portugal surge aliás, nos últimos lugares do ranking da OCDE em relação ao peso dos fundos de pensões no PIB. A média da OCDE é de 71,6%, com os fundos de pensões da Holanda a apresentarem um peso superior a 180% do PIB.

(Parece que os holandeses não vão ter problemas quando atingirem a terceira idade...)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Composição dos fundos de pensões públicos nos países da OCDE

Os fundos de pensões públicos em Portugal são maioritáriamente compostos por obrigações. Esta classe de activos representa 64,5% do seu valor . Por sua vez, as acções correspondem a 21,7% do valor destes fundos de pensões.

Já os fundos de pensões públicos dos EUA, Espanha e Bélgica são compostos exclusivamente por obrigações por contraposição à Austrália, Nova Zelândia e Canadá em que o valor investido em obrigações se traduz em menos de 1\3 do total investido. Nestes países o valor do investimento em acções supera o valor do investimento em obrigações.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fundos de Pensões em Portugal

Em média, os fundos de pensões portugueses perderam 8,1% em 2010.
Trata-se do pior desempenho entre os países da OCDE. Além de Portugal,
apenas os fundos de pensões gregos, islandeses, espanhóis e checos
apresentaram desvalorizações no ano passado. Em média, os fundos de
pensões dos países da OCDE valoriozaram 4,3% em 2010. Os maiores
ganhos pertenceram aos fundos de Nova Zelândia, Chile e Finlândia.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Site da Global Derivatives

Esta semana destaco o site Global Derivatives. Trata-se de um site de
finanças quantitativas que dispõe de um conjunto de recursos
assinalável, quer em termos de algoritmos para cálculo do fair price
de derivados, quer em termos de working pappers e faq's.

Na parte algoritmica existe porém, uma ressalva: algumas das
spreadsheats encontram-se protegidas.

O website contém ainda algumas funções em matlab, sendo que estas não
se encontram protegidas.

http://www.global-derivatives.com/index.php/pricing-models-topmenu-37

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Índices iTraxx

Os índices iTraxx foram desenvolvidos para mostrar a evolução do
comportamento dos mercados de crédito. O cálculo dos valores do índice
é efectuado a partir de cotações de Credit Default Swaps (CDS) de uma
série de empresas pré-selecionadas. Essas cotações traduzem o prémio
de risco de crédito percepcionado pelos investidores em relação a
essas empresas.

Os CDS que compõem esses índices são selecionados a partir de um
conjunto de critérios, como o volume de negociação nos últimos seis
meses, ratings das entidades de referência, spread de crédito e sector
de actividade. No caso do índice principal (iTraxx Europe) o
subjacente são os 125 CDS de maior volume de negociação nos últimos
seis meses, cujas entidades de referência têm uma ratings não inferior
a Baa3/BBB-, segundo as agências Moodys e S&P, respectivamente.

Os índices são geridos pela Markit.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O MEDIP – Mercado Especial da Dívida Pública é um mercado regulamentado destinado à negociação electrónica por grosso de títulos da dívida do Tesouro Português (Obrigações do Tesouro - OT e Bilhetes do Tesouro - BT).

O MEDIP é um mercado de transacções por grosso entre especialistas, que negoceiam por conta própria, e em que a liquidez é suportada por obrigações de cotação de uma parte dos seus participantes – market makers. Além dos market makers podem ainda participar no MEDIP, market dealers.

Os market makers têm a obrigação de manter cotações firmes de compra e venda no sistema, durante um mínimo de cinco horas diárias, para um conjunto de títulos líquidos. As propostas dos market makers estão sujeitas a um limite mínimo de quantidade e a um spread bid/offer máximo, pré-estabelecidos. Os market dealers podem apenas negociar com base nos preços dos market makers, i.e., poderão apenas aceitar propostas dos market makers.

Com o o advento da crise da dívida soberana este mercado conheceu uma queda acentuada das transacções. Comparando o primeiro semestre de 2010 com o primeiro semestre de 2001, verifica-se uma queda superior a 73%. A redução brusca da liquidez poderá reflectir-se num maior prémio liquidez requerido pelos investidores, pois poderão antecipar antecipar maiores dificuldades em vender as obrigações do tesouro por um valor justo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novas emissões de dívida obrigacionista pelos bancos nacionais

Ontem a CGD, hoje o BES emitiram dívida sénior (floating notes) a 3 anos com spreads 4,95% superiores à Euribor a 3 meses. Acresce que essa dívida foi emitida com garantias do estado português. Sem dúvida que se trata de um prémio de risco muito elevado e que certamente se vai repercutir sobre as taxas a praticar junto dos clientes. Mas será esta situação sustentável? Ou melhor, será sustentável durante quanto tempo?

Para responder a esta questão seria necessário saber a taxa de juro média paga neste tipo de empréstimos. Se o roll over da dívida continuar a ser realizado a taxas semenlhantes, tal vai-se reflectir nos custos financeiros dos bancos e na sua rendibilidade dos capitais, entrando-se num circulo vicioso...

Venda de activos, diversificação do funding e sobretudo, em minha opinião, pressão sobre o estado português para reaver empréstimos concedidos como acontece com empresas públicas, empresas municipais podem mitigar este efeito. Se o estado português recomprasse a sua dívida que está no balanço dos bancos seria uma grande ajuda, já que as garantias parecem ter um efeito residual.
Foi divulgado recentemente um artigo que investiga a relevância da informação divulgada nas notações de crédito. Os autores (Jens Hilscher e Wilson) inferem acerca da capacidade das agências de rating anteciparem possíveis falências. Os autores verificam que a probabilidade de falência de uma empresa depende sobretudo da conjuntura económica (systematic risk of default). Já os ratings parecem apresentar uma fraca capacidade de prever falências de empresas. Enquanto indicador, os ratings apresentam uma capacidade explicativa inferior à da evolução dos preços dos CDS, que se ajustam mais rapidamente à nova conjuntura de mercado.
http://www.brandeis.edu/departments/economics/RePEc/brd/doc/Brandeis_WP31.pdf

terça-feira, 19 de julho de 2011

Aumento do número de casas entregues à banca

Segundo o DE assistiu-se ao longo do último ano a um aumento das casas entregues à banca por contrapartida da liquidação dos respectivos empréstimos hipotecários. Foram entregues 3060 imóveis.

O que o artigo do DE não refere é a percentagem dos imóveis entregues cujo valor não excede o valor dos empréstimos.

No caso dos países anglo-saxonicos (UK), os credores podem entregar os imóveis hipotecados obtendo em contrapartida a liquidação dos empréstimos. Isto significa que os proprietários têm uma opção de venda do imóvel em que o preço de exercício iguala o valor do montante em dívida.

Se tal fosse possível em Portugal como iriam reagir os proprietários com empréstimos hipotecários? Será que os proprietários que viram as suas casas desvalorizar para um valor inferior ao valor do empréstimo optariam por esta solução?

Mais sites interessantes acerca de avaliação de derivados e produtos financeiros complexos

Os sites abaixo também contêm informação interessante para a avaliação
de produtos estruturados, designadamente código fonte. Código para
modelos de volatilidade estocástica como o modelo de Heston ou o
Variance Gamma Model podem ser encontrados nos dois primeiros sites.
No terceiro site é possível ainda encontrar ligações a outros sites de
referência.Soma-se ainda código fonte para métodos numéricos como
integração numérica, diferenças finitas e simulações de Monte Carlo.

http://www.axelvogt.de/axalom/
http://www.rnfc.org/rhapsody/quant/
http://www.mathfinance.cn/category/vba/

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social

De acordo com o Jornal de Negócios o Fundo de Estabilização Financeira
da Segurança Social registou em Maio uma rentabilidade homóloga de
-7,41%. Acresce que as perdas potenciais seriam de 19,95% se fossem
vendidos os quase de 4,37 mil milhões que o fundo tem em títulos de
dívida portuguesa.
Não se trata de preconceito ideológico, mas é certo que a gestão das
pensões não tem sido realizada de uma forma eficaz ou mesmo
equitativa. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social
foi criado com o objectivo de acomodar o impacto do envelhecimento da
população nas contas da Segurança Social. De facto, existe um
desajustamento entre o valor das pensões a pagar no futuro e o valor
presente das contribuições sociais.
Nos últimos meses, o referido fundo obedeceu a directrizes políticas
em vez de seguir critérios económicos ao colocar "demasiados ovos no
mesmo cesto", investindo em demasia em dívida pública portuguesa. A
diversificação dos investimentos para reduzir o risco idiossincrático
português teria atenuado estas perdas. Daí que se a gestão do Fundo de
Estabilização Financeira da Segurança Social fosse independente do
poder político teria reduzido a sua exposição à dívida pública
portuguesa durante o último ano e meio.
Será seguro colocar as nossas poupanças nas mãos dos políticos? Não
deveríamos ao invés optar por uma gestão menos discricionária e mais
focada numa lógica de capitalização em que os esforços individuais
fossem mais compensadores?

Metodologias de cálculo para produtos financeiros complexos

Nos próximos dias iriei abrir neste blog uma página dedicada a
metodologias de avaliação de produtos financeiros complexos, com links
para outras páginas que a meu ver, detêm conteúdos interessantes.
Entre as mais interessantes surge a página de Paul Willmott. A sua
página contém além de artigos e materiais didáticos, um fórum onde é
possível aos internautas a exposição das suas dúvidas a outros
participantes no fórum, bem como a leitura de dúvidas e respostas colocadas anteriormente
e alojadas no website. Mais ainda, o site tem
um secção de empregos para Quant Analysts, o que para quem tem as
necessárias habilitações poderá ser interessante.
Site Geral:
http://www.wilmott.com/

Empregos:
http://www.wilmott.com/categories.cfm?catid=5

O QuantCode é um site alternativo ao site de Paul Wilmott. Também
contém ofertas de emprego na área financeira, alguns fóruns e alguns
exemplos de avaliação de derivados a partir de código Vba, Matlab e
C++.
http://www.quantcode.com/

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A contabilização do crédito mal-parado em Portugal

O crédito mal-parado (Non-Performing Loans) é composto pelo conjunto de empréstimos em incumprimento ou perto de o estarem. Regra geral, considera-se que crédito mal-parado quando o incumprimento dura à mais de 90 dias.

Em Portugal, e contrariamente ao que sucede noutros países, apenas era contabilizado como crédito mal parado os juros ou nocional em atraso e não a totalidade do empréstimo como sucede nos outros países.

Daí que seja de esperar que com a alteração de metodologia imposta pela troika se assista a um aumento dos valores contabilizados nesta rubrica.

Para mais informação pode ser consultada a seguinte notícia da Morninstar:

http://www.morningstar.co.uk/uk/markets/newsfeeditem.aspx?id=148573656356219

NPL: Comparação de Portugal com outros países


Os gráficos acima revelam que o crédito mal-parado em Portugal é baixo por comparação com outros países como a Irlanda, Espanha ou Itália. Porém, é importante notar que esta rubrica não é contabilizada de todos os países de modo idêntico, o que significa que, poderá não ser adequado fazer comparações internacionais como vai ser explicado de seguida.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Incumprimento no sistema bancário

O incumprimento do crédito dos particulares teve um crescimento
notório nos últimos anos. Tendo por base 2006, os créditos e juros vencidos quase
duplicaram quer em percentagem do crédito total concedido a clientes,
quer em percentagem dos activos. Esse aumento foi ainda mais acentuado entre
as empresas não financeiras atingindo em 2010 cerca de 4,7% de crédito
mal parado.
Seria interessante a comparação com os nossos pares europeus. Procurarei em devido tempo essa informação com a finalidade de a trazer para este Blog. Caso haja
interesse nestas séries podem enviar-me um e-mail.

Evolução dos empréstimos concedidos pela banca portuguesa

Depois do post de ontem dedicado à banca portuguesa, escrevo um novo
dedicado à mesma temática. Os bancos portugueses têm sido sujeitos a
uma forte pressão no que concerne à obtenção de financiamento. A
informação estatística proveniente do Banco de Portugal mostra que
estes agentes têm sido bem sucedidos nessa função, pese as
dificuldades crescentes.
Ora vejamos, mesmo com as dificuldades crescentes para a obtenção de
funding nos últimos três anos, o valor dos empréstimos concedidos
continuou a crescer.
Chegará com o plano de austeridade da troika a necessária
desalavancagem da economia portuguesa? É bastante provável assistir-se
a esse fenómeno, restando saber como vai reagir a economia portuguesa,
tão dependente deste modo de financiamento.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Rácios de Capital Tier 1 em Portugal

O rácio de capital TIER 1 traduz-se no rácio entre os capitais próprios core do banco (capitais próprios, reservas, acções preferenciais não resgatáveis, etc) e os activos ponderados pelo risco de crédito.
Os activos poderados pelo risco são a totalidade dos activos detidos pelo banco, ponderados por risco de crédito de acordo com pesos fornecidos pelo regulador (usualmente, o banco central do país). A maioria dos bancos centrais segue as orientações emitidas pelo Bank of International Settlements (BIS) por forma a atribuir pesos aos diferentes activos. Activos como dinheiro geralmente têm um peso zero, enquanto empréstimos sem colateral podem ter um peso de 100%.
Capitais Próprios =
Acções ordinárias emitidas e em circulação
+ Acções Preferenciais não remíveis e não cumulativas
Core Capital = Capitais Próprios + Reservas Declaradas
Tier One =
Core Capital
– Goodwill
- Interesses minoritários (em participadas que não sejam detidas maioritariamente)
Rácio Tier One = Tier One Capital / Risco Ponderado dos Activos
 O gráfico anexo permite identificar o crescimento contínuo deste rácio durante os últimos anos entre os bancos portugueses.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Exposição dos bancos europeus a dívida soberana europeia periférica

Restruturação ou re-escalonamento: Impacto nas contas do sistema financeiro



A contabilização das obrigações soberanas nos balanços dos bancos poderá ser realizada de quatro formas:

(i) marked to the market (ou seja, ao preço de mercado);
(ii) AFS - Available for Sale\Disponível para venda;
(iii) Held to maturity (Manutenção até à maturidade);
(iv) Empréstimos e Recebimentos.

A classificação das obrigações soberanas poderá afectar o impacto da restruturação ou reescalonamento da dívida nos rácios TIER 1.

De facto, a restruturação poderá desencadear imparidades nas obrigações detidas pelos bancos, sendo esse impacto superior na classificação contabilística (iii). As imparidades poderão cristalizar as perdas para efeitos dos requesitos de capital.

Já o rescalonamento ou extensão da maturidade com a manutenção das taxas de juro teria impactos reduzidos ou mesmo negligenciáveis nas imparidades das contas referentes a obrigações a manter até à maturidade.

É de assinalar que alguns bancos começaram ao longo de 2010 a re-classificar as suas obrigações de AFS para HTM, o que poderá reduzir imparidades mas não evitá-las. Não obstante, as estatísticas mostram que a maioria dos bancos europeus classificam as obrigações soberanas na categoria Disponível para venda, o que poderá despoletar fortes imparidades e ameaçar a solvência dos sistema financeiro europeu em caso de incumprimento.

Os resultados dos stress tests dos bancos chegam no final da semana. Terão incorporado estes riscos?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Os conflitos de interesse das agências de rating

A principal fonte de conflitos de interesse das companhias de rating reside no facto de serem os emitentes de dívida a suportar os custos associados ao rating, e não os investidores. Quer isto dizer que haveria por parte destas agências, o incentivo de providenciar boas classificações  aos emitentes, porquanto são estes os seus clientes finais.
 
Todavia, as companhias de rating parecem ter conseguido resistir a essa tentação, tendo consolidado por via disso uma boa reputação nos mercados. Um exemplo ilustrativo é dado por alguns estudos que apontam para um nível de insatisfação com o rating atribuído por parte de 30% por parte dos emitentes de obrigações. Por outro lado, a concorrência entre as três companhias conduziu à proliferação de ratings não solicitados, e como tal, não pagos. No caso da Fitch a proporção de ratings não solicitados situa-se em 5% do total.
 
Mais preocupante tem sido o crescimento de outras áreas de negócio destas empresas, em particular da consultoria. Em alguns serviços competem mesmo com os principais bancos de investimento. Mas se as agências de rating fornecem serviços de consultoria a empresas alvo de avaliação/notação de risco não estaremos a enfrentar um novo e mais nocivo conflito de interesses?
 
Uma solução poderia passar assim pela proibição de prestar serviços de consultoria ou outros serviços acessórios a empresas alvo de notação de risco de crédito, mas seria suficiente para evitar uma crise similar ao subprime?
 
 

As agências de rating

A polémica em torno das agências de rating dominou o noticiário económico ao longo da última semana. 
 
Os ratings estão associados à probabilidade de uma empresa/país respeitar as suas obrigações financeiras. É certo que existem diversas companhias de rating, contudo um oligopólio de três dominam o mercado mundial - S&P, Moody's e Fitch. Nos EUA, o envolvimento prévio de uma destas três companhias na emissão de dívida corporativa é crucial para o sucesso da operação de colocação dessa dívida no mercado primário.
 
Para se ter a noção da dimensão destas empresas, basta relebrar que em 2004 a S&P avaliou dívida no montante de 30 triliões de USD, distribuída por 750.000 títulos e 40.000 devedores. Das três agências, a mais rentável é ainda assim, a Moody's com uma margem operacional de 50% das receitas.
 
Durante a última década, estas empresas estiveram sujeitas a diversas críticas. Numa primeira fase, com a crise das Dot.com não anteciparam a falência de empresas como a Enrom, a WorldCom e a Parmalat. Em 2007, falharam na previsão da crise subprime e recentemente, têm sido críticadas por excesso de zelo, no que concerne à dívida soberana de estados europeus.
 
A sua influência cresceu fortemente com a colagem da regulação financeira aos seus ratings: os fundos de investimento e os fundos de pensões restringem o seu investimento a determinadas categorias de obrigações (não podem investir em junk bonds), o acordo de Basileia associa os rácios de capital dos bancos aos ratings de obrigações detidas e mais recentemente com opções de reembolso antecipado em caso de descidas de rating abaixo de determinados níveis.
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Produtos Financeiros Complexos

No seu site institucional a CMVM disponibiliza um abrangente glossário
acerca dos termos e conceitos associados a Produtos Financeiros
Complexos.
Além dos conceitos são apresentados exemplos do funcionamento e
caracterização dos seguintes instrumentos financeiros:

Obrigações estruturadas;
Valores mobiliários representativos de dívida com possibilidade de
perda de capital (Notes);
Certificados;
Warrants autónomos;
CFD (Contracts for difference ou contratos por diferença);
Comercialização combinada de contratos de depósito e outros
instrumentos financeiros autónomos;
Soluções de protecção de taxas de juro (caps);
Contratos de derivados sobre divisas (FOREX Forward);
Contratos de seguro ligados a outros instrumentos financeiros;
ETF (Exchange Traded Funds)[1];
Contratos de seguro ligados a fundos de investimento (Unit Linked);
Operações de capitalização ligadas a fundos de investimento.


http://www.cmvm.pt/CMVM/Recomendacao/Recomendacoes/Pages/GuiaPFC.aspx

quinta-feira, 7 de julho de 2011

«O BCE anunciou hoje que suspendeu os limites mínimos de notação de crédito na hora de aceitar dívida portuguesa como colateral.»

In http://economico.sapo.pt/noticias/bce-dispensa-opiniao-de-agencias-de-rating-sobre-divida-portuguesa_122229.html

Ora aqui está uma medida inicial para reduzir a influência das agências. Uma solução seria internalizar esta função dentro do próprio BCE.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

De onde vem o poder das agência de rating?

Em teoria estas empresas divulgam somente OPINIÕES acerca da qualidade creditícia de certos emitentes\clientes. Porém, o seu poder\influência decorre também de regras e regulamentos que condicionam a política de investimento de institucionais.

Com efeito, parte do seu poder deriva de regras e regulamentos que condicionam a politica de investimento de fundos de investimento, fundos de pensões, composição de carteiras de bancos e seguradoras - regras de basileia e solvência. A maioria das carteira de dívida têm limites máximos ou mesmo restricções ao investimento em activos  que apresentam ratings medíocres.
Ao atribuir a categoria de lixo à dívida portuguesa está-se a dizer aos gestores de carteira que têm de se desfazer das posições em dívida portuguesa pois trata-se de um investimento especulativo ou pouco seguro. Mesmo que a sua opinião seja contrária.

Não seria útil encontrar um sistema alternativo ao das notações da agências de rating para fixar estes limites?

Será que vamos assistir a um desinvestimento em dívida portuguesa dos fundos de investimento nacionais e PPR que têm na sua política de investimento a aquisição de dívida com ratings elevados?

As classificações das agências de rating

Novamente na ordem do dia está o papel das agências de rating. Mas o que significam os ratings emitidos por estas agências (Fitch, Standard&Poors e Moodys)?

A tabela abaixo uniformiza as diversas classificações da agências de rating:

Medidas de liquidez de um título ou mercado (continuação)

As medidas de liquidez podem ser classificadas em quatro categorias:
- medidas dos custos de transacção, que evidenciam os custos de
negociação e as fricções da negociação;
- medidas baseadas nos volumes, que distinguem os mercados líquidos
pelos volumes negociados comparando-os com as variações nos preços,
tendo como objectivo medir a largura e a profundidade do mercado;
- medidas de equilíbrio dos preços, que procuram avaliar os movimentos
das ordens para equilibrar os preços de modo a medir a elasticidade;
- medidas de impacto no mercado, que pretendem isolar as alterações
nos preços devidas à liquidez, de outros factores como sejam as
condições gerais dos mercados e a chegada de nova informação.

O que é a liquidez de um mercado ou de um título?

O conceito microeconómico de liquidez é multifacetado. Não existe uma
definição única, não ambígua, teoricamente correcta e universalmente
aceite da liquidez.

Para Campbell et al (1997) a liquidez traduz-se na capacidade de
comprar e vender quantidades significativas de um activo de uma forma
rápida, anónima e com reduzido impacto nos preços.

Geralmente, os investidores consideram que um valor mobiliário é
líquido se podem transaccionar grandes quantidades de títulos sem
afectar significativamente o seu preço. Assim, os activos líquidos
caracterizam-se por terem baixos custos de transacção, são facilmente
e rapidamente transaccionados, e os grandes negócios têm um impacto
marginal nos preços.

Algumas das características dos mercados líquidos poderão alterar-se
com o tempo. Durante os períodos de estabilidade a percepção de um
mercado líquido baseia-se fundamentalmente nos custos de transacção,
enquanto que nos períodos de instabilidade, o aspecto mais importante
é a velocidade com que os preços se ajustam ao seu valor fundamental.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Lixo...

A Moody's classificou a dívida soberana portuguesa de Lixo (Ba2). Será esta reclassificação justa?

No longo prazo a taxa de crescimento do PIB terá que superar a taxa de crescimento da dívida (igual ao rácio entre os juros pagos e o PIB se existir um saldo primário nulo). Mais importante que o déficit das contas públicas, parece-me importante relançar o crescimento económico português, pois sem um aumento do crescimento potencial torna-se impossível tornar os níveis de dívida sustentáveis.

Nos próximos anos dificilmente será possível atingir uma taxa de crescimento da dívida sustentável. Com efeito, persistem déficits públicos positivos e as taxas de juro são insustentáveis (superiores à taxa de crescimento nominal do PIB).

Posto isto, resta-nos esperar por uma ajuda da UE (com um perdão parcial da dívida) e pelas medidas estruturais que potenciem o crescimento económico.

Próximos IPO's

Ao passo que em Portugal o número de empresas a dispersar o seu
capital em bolsa está reduzido a 0 desde 2008, nos EUA são diversas as
empresas que estão a ultimar os processos para se tornarem sociedades
abertas.
Entre essas empresas constam a:
1) Fusion-IO
2) Zynga IPO
3) Twitter IPO
4) Avaya IPO
5) HomeAway IPO
6) Prada IPO
7) Samsonite IPO
8) LinkedIn IPO
9) RenRen IPO
10) Glencore IPO

É importante notar que muitas destas empresas são empresas associadas
a redes sociais. Algumas são conhecidas e têm notoriedade em Portugal
(Twitter, LinkedIn, Zynga - Farmeville), ao passo que outras como a
RenRen (proprietária de um dos maiores sites de redes sociais na
China) são desconhecidas.

(ver o descritivo destas empresas em http://upcoming-ipos.com/)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O que explica a evolução do preço dos bens alimentares a nível mundial?

Entre 2006 e 2008 o preço de algumas commodities agrícolas (arroz,
soja e trigo) exibiram taxas de crescimento cuja magnitude não havia
sido observada desde os anos 70. Em resultado disso, os preços de
alguns cereais praticamente duplicaram face aos preços observados em
2006, o que contribuiu para um aumento da pobreza e da fome em muitos
países sub-desenvolvidos e não só. Bryce Cooke e Miguel Robles
realizaram um estudo em que procuram explicar os factores que estão
por detrás do crescimento dos preços das commodities agrícolas.
Começaram por testar quatro factores ligados à procura:
1) Aumento da procura de alimentos nos BRIC
2) Aumento da produção de etanol e outros biocombustíveis
3) Especulação nos mercados de derivados
4) Política monetária expansionista e acomodatícia nos EUA (que se
repercutiu num Dolar fraco)
Seguindo-se os factores ligados à oferta:
5) Fraco nível de investimento em R&D
6) aumento do preço dos inputs (combustíveis e fertilizantes)
7) Impactos climáticos transitórios
8) Barreiras à exportação e à importação
Nas suas conclusões, Bryce Cooke e Miguel Robles sugerem que a
especulação nos mercados de futuros e outros derivados podem explicar
as alterações dos preços nos bens alimentares. Segundos os mesmos,
regra geral todas as outras variáveis testadas revelaram ter tido um
impacto meramente residual no preço das commodities agrícolas.
Sem prejuízo disso, avançam com explicações parciais para o aumento do
preço de alguns dos alimentos:
a) Trigo - massa monetária mundial e preços dos combustíveis
influenciam positivamente o preço do trigo. A produção de etanol e de
biocombustível não influencia o preço do trigo.
b) Soja - o seu preço é influenciado positivamente pela
desvalorização cambial do dolar e pelo preço dos fertilizantes.
c) Arroz - influenciado positivamente pelo preço dos fertilizantes. O
impacto da negociação de futuros e outros derivados no preço do arroz
é diminuto por comparação com o efeito nos preços dos demais cereais
analisados.

http://www.ifpri.org/sites/default/files/publications/ifpridp00942.pdf

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fundos nacionais e a dívida pública

 Porque razão investiram tanto os fundos de investimento nacionais em dívida pública portuguesa. Entre os meses de Maio e de Abril observou-se um crescimento de 31,1% nesse investimento.

                                                 Dados CMVM


 Será a aposta em dívida soberana nacional sensata em plena crise política e financeira em Portugal? Atente-se ao facto que este foi o mês da chegada da troika a Portugal. Com o valor da dívida a cair de dia para dia e com a volatilidade das yields das OT portuguesas considero um resultado estranho, quando para mais, os fundos que anteriormente apostavam nestes títulos priviligiam investimentos seguros. Ao invés, o investimento em dívida alemã e francesa diminuiu fortemente... estranho!

Número de casas em Portugal com um crescimento 5 vezes superior ao da população

Dos resultados preliminares dos Censos 2011 divulgados pelo INE
ressalta o crescimento cinco vezes superior da oferta de alojamentos
em Portugal por comparação com o crescimento do número de habitantes. É certo que o
número de famílias cresceu mais do que a população (também em virtude de a
dimensão das famílias se ter reduzido). Agora a questão que se coloca
é, qual será o impacto no mercado imobiliário?
A estrutura etária envelhecida (menos jovens a procurar nova habitação)
e o crescimento do número de imóveis de sobremaneira superior ao crescimento do número
de pessoas e famílas contribuiram para um agravar do desiquilíbrio
entre a procura e a oferta de imóveis. Mas será suficiente para mitigar
a rigidez que este mercado apresenta?