quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Comissão Europeia está a investigar fixação da taxa Euribor

Iniciativa europeia integra-se numa investigação mundial sobre
eventual manipulação das taxas de juro interbancárias que servem de
referência a biliões de contratos de empréstimo. Vários bancos
europeus viram documentos apreendidos.
A Comissão Europeia está a investigar a forma como os 40 bancos
europeus fixam diaramente a taxa de juro "benchmark" europeia, a
Euribor, que serve de referência a biliões de empréstimos e outros
instrumentos de dívida concedidos na Zona Euro. Ontem, foram
apreendidos documentos em várias instituições financeiras, incluindo
"um grande banco francês" e um "grande banco alemão", cujos nomes não
foi possível apurar.

A notícia está a ser avançada esta manhã pelo "Wall Street Journal",
que sublinha que esta investigação não parte apenas da instituição
liderada por Durão Barroso, mas integra-se numa outra, muito mais
ampla, que já está em andamento há cerca de um ano, movida por
procuradores norte-americanos, japoneses e europeus.

Essa investigação quer apurar se os bancos se concertaram para
manipular a taxa Libor, a taxa "benchmark" britânica, que é mais usada
que a Euribor e tem impacto sobre biliões de dólares em empréstimos e
produtos derivados. As incursões da equipa da Concorrência da Comissão
Europeia, liderada pelo comissário Joaquín Almunia, centraram-se em
Londres e noutras cidades europeias, que o jornal não identifica. O
"WSJ" diz que, em Londres, os funcionários europeus chegaram à
instituição bancária sem aviso prévio, uma vez que têm o poder para
fazer visitas surpresa e apreender documentos quando haja suspeitas de
que a lei da concorrência não está a ser respeitada.

UBS e Barclays estão a ser investigados

Oficialmente, a Comissão Europeia não quis comentar. Um executivo de
um dos bancos visados pela investigação disse tratar-se "mais de uma
visita do que de uma incursão". O painel de fixação da taxa Euribor
inclui alguns dos maiores bancos da Europa e estas visitas-surpresa
servem, provavelmente, para a Comissão ficar a perceber como funciona
a mecânica da taxa.

A investigação-mãe, sobre a taxa Libor, já deu origem a 20 processos
nos Estados Unidos, interpostos por investidores que alegam
manipulação das taxas de juro. Os bancos têm contestado as queixas. As
autoridades japonesas também estão a verificar como é que a taxa de
Tóquio – Tibor – é fixada.

Um dos objectivos da investigação é apurar se os bancos subestimaram
as suas despesas com créditos, bem como se houve especulação sobre
movimentos cambiais futuros. Em Julho, o banco suíço UBS ganhou
imunidade parcial por colaborar na investigação sobre a sua
participação na fixação da Libor e Tibor. O britânico Barclays também
está a ser investigado.

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