segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Agências dão melhor "rating" a quem paga mais

As agências de "rating" tendem a ser mais optimistas quanto à dívida
das empresas, a quem cobram mais do que aos Estados.
As agências de "rating", nomeadamente as três norte-americanas
dominantes, sempre afirmaram que têm um critério único para avaliar
todos os tipos de activos de crédito. Todavia, um estudo das
Universidades do Illinois e de Houston vem demonstrar que dívida de
Estados, de empresas ou produtos estruturados recebem tratamentos
diferentes. As agências tendem a dar piores notações aos Estados e aos
emitentes municipais, precisamente aqueles a quem cobram menos pelo
serviço.

Os três académicos que elaboraram o estudo "Credit Ratings Across
Asset Classes: A=A?" partiram dos "ratings" da Moody's para concluir
que as obrigações emitidas por países ou cidades, a quem são cobrados
"honorários" inferiores em cerca de metade face às das empresas, são
analisadas "de forma mais dura".

Enquanto que Estados com "rating" "A" não tiveram quaisquer situações
de incumprimento ao longo de um período de análise de 30 anos, cerca
de 1,8% da dívida de empresas e 27,2% dos activos colateralizados por
créditos hipotecários entraram em "default", sendo que esses contavam
com a mesma notação "A".

Os académicos constataram também que a dívida empresarial, que em
média recebe um "rating" inicial de "Baa2", tem uma probabilidade de
30% de vir a ser revista em baixa e 20% de ser revista em alta. Já os
emitentes soberanos têm três vezes mais probabilidades de ver os seus
"ratings" revistos em alta do que em baixa.

O estudo argumenta que essas divergências podem estar relacionadas com
os valores cobrados a cada tipo de emitente. Para dar um "rating" a
uma emissão de 500 milhões de dólares por uma empresa, a Moody's cobra
cerca de 250 mil dólares. Já se for, por exemplo, um Estado
norte-americano a emitir o mesmo montante em dívida, a Moody's cobra
menos de metade, algo como 115 mil dólares.

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