hoje um entendimento sobre como devem as empresas cotadas reflectir,
no final de 2011, nas suas contas a variação do valor da dívida
soberana e respectivas divulgações.
De acordo com informação da ESMA, os activos contabilizados pelos
investidores como "detidos até à maturidade", "a determinação do
montante a reconhecer como imparidade deve resultar da diferença entre
o valor contabilístico e o valor actual do que se estima vir ainda a
ser recebido (à taxa de juro original efectiva)".
Para esse efeito, os investidores podem utilizar como referência "a
percentagem do valor da dívida que é perdoada 'haircut' e que esteja
prevista nos planos de reestruturação da dívida grega, tendo em conta
o possível diferencial de estimativas."
Denote-se que a maior parte da exposição dos bancos em obrigações
gregas está alocada na carteira "detidos até à maturidade" (do inglês:
'held to maturity'), em detrimento da carteira "disponíveis para
venda" (do inglês: 'available for sale').
Neste sentido, e apesar de o plano de reestruturação da dívida grega
ser ainda desconhecido e as negociações ainda estarem a decorrer, a
ESMA refere que "com base na declaração da última Cimeira Europeia, o
plano deverá requerer que os detentores de obrigações gregas aceitem
uma redução de 50% do valor nominal dos títulos".
Deste modo, e de acordo com cálculos do UBS, publicados num 'research'
com data de ontem, o BCP incorre em imparidades de 350 milhões de
euros resultantes da sua exposição a títulos de dívida grega, que
terão um impacto de 0,43% sobre o rácio de capital 'core Tier 1' do
banco.
Nas contas do BPI, o impacto desta medida poderá traduzir-se em
imparidades de 240 milhões de euros, em resultado de uma exposição
nominal a dívida grega no valor de 480 milhões de euros.
Ou seja, só o BCP e o BPI incorrem, no total, em imparidades de 590
milhões de euros devido à reestruturação da dívida grega.
O BES sai ileso desta operação, pois não tem no seu portefólio
qualquer exposição a obrigações do Tesouro helénico.
A ESMA salienta ainda a "importância da divulgação de todas as
informações relacionadas com a exposição a dívidas soberanas, de
acordo com a IFRS 7, incluindo não só a exposição directa mas também a
prestação de quaisquer garantias relacionadas com esses instrumentos
financeiros, 'credit default swaps' (CDS), contratos de futuro, opções
ou outros derivados", refere a CMVM em comunicado.
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